18 setembro 2025



A matemática inscrita na natureza  

As abelhas zumbem, voam e produzem mel. Mas por trás das asas que vibram e dos favos dourados que encantam os olhos, elas escondem um segredo antigo, elegante e silencioso: são exímias matemáticas.

 Ao construir suas colmeias, não escolhem qualquer forma. Usam o hexágono, figura de seis lados iguais, capaz de preencher um espaço plano sem deixar lacunas. A construção dos alvéolos, pelo fato de serem usados apenas dois tipos de ângulos, um de 109028′ e outro, seu suplemento, de 70032′, são ângulos perfeitos, que se repetem nas colmeias ao redor da Terra e não são escolhidos ao acaso. O hexágono é a forma que, com o menor perímetro, consegue armazenar o maior volume. Ou seja, com o mínimo de cera, as abelhas obtêm o máximo de espaço. Isso é eficiência. Isso é geometria pura aplicada à sobrevivência.

 Estudos científicos e observações revelaram que, ao buscarem néctar, as abelhas traçam rotas otimizadas entre os campos e as flores. Sem saber calcular como os humanos, elas resolvem, de forma instintiva, versões do complexo "problema do caixeiro viajante". Buscam o menor caminho entre muitos pontos, economizando energia, ganhando tempo e garantindo alimento para a colmeia.

Quando uma abelha encontra alimento, retorna à colmeia trazendo consigo a informação precisa da descoberta. Compartilha com suas companheiras dados sobre a rota, a direção, o sentido, a posição e até mesmo a direção do vento. E tudo isso é transmitido por meio de uma dança matemática. Ela vibra em zigue-zague, sobe, desce, descreve ângulos e curvas. Nessa coreografia, codifica e repassa dados baseados na posição do Sol.

Além da geometria e da otimização de rotas, as abelhas revelam outra habilidade fascinante: a simetria. Seus corpos e asas seguem padrões precisos, harmônicos e repetidos. Há algo de poético nisso. A natureza parece escrever com compassos invisíveis, usando as abelhas como instrumentos de sua própria inteligência. 

Ao observarmos uma colmeia, vemos mais do que insetos em movimento. Enxergamos o reflexo de uma ordem natural que valoriza a lógica, a harmonia e a eficiência. As abelhas não aprendem isso em escolas. Praticam uma matemática intuitiva, instintiva e perfeita, que muitas vezes ultrapassa a engenhosidade humana.

A colmeia, afinal, não é apenas uma moradia. É um manifesto. É arte geométrica. É o grito silencioso de que a matemática está viva, pulsando entre as flores, dançando no ar e se escondendo não apenas no zumbido e na dança das abelhas, mas em toda a natureza abundante do planeta Terra.

Nós, humanos “inteligentes”, precisamos prestar mais atenção na natureza e aprender com ela. Sempre digo: o Criador é o grande matemático e geômetra.

 Galileu já dizia: “A matemática é a linguagem com a qual Deus escreveu o universo.”

 

Jonas Comin

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