12 outubro 2008

Ninguém é insubstituível



Na sala de reunião de uma multinacional o CEO nervoso fala com sua equipe de gestores. Agita as mãos mostra gráficos e olhando nos olhos de cada um ameaça: "ninguém é insubstituível". A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio. Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada.

De repente um braço se levanta e o CEO se prepara para triturar o atrevido:

- Alguma pergunta?

- Tenho sim. E o Beethoven?

- Como? - o CEO encara o gestor confuso.

- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substitui o Beethoven?

Silêncio.

Ouvi essa estória esses dias contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso. Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que quando sai um é só encontrar outro para por no lugar.

Quem substitui Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Dorival Caymmi? Garrincha? Michael Phelps? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Faria Lima? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso?

Todos esses talentos marcaram a História fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem - ou seja - fizeram seu talento brilhar. E portanto são sim insubstituíveis.

Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar "seus gaps".

Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico.

O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.

Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto, e também valorizar aqueles que já são um "TALENTO" e que traz benefícios para a empresa e para o seu sucesso como "LIDER", pois sabemos que se o trabalho de um "LÍDER" é bem visto, é porque ele tem pessoas de confiança abaixo dele se você esta sendo bem visto na sua "ORGANIZAÇÃO" reveja estes conceitos e aprenda a "VALORIZAR" mais seus "TALENTOS".

Se você ainda está focado em "melhorar as fraquezas" de sua equipe corre o risco de ser aquele tipo de líder que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo e Gisele Bundchen por ter nariz grande.

E na sua gestão o mundo teria perdido todos esses talentos?

Celia Spangher
Colaboração: Oscar de Almeida Prado

05 outubro 2008

Da intriga


O demônio é sábio: podendo evitar trabalho, ele evita.
Sempre que pode, ele lança mão de sua armadilha mais fácil e mais efetiva: a intriga.
Quando a usa, o demônio faz pouco esforço - porque é o próprio homem quem trabalha para ele.
Com palavras mal dirigidas, são destruídos meses de dedicação, anos em busca de harmonia.
Freqüentemente somos vítimas desta armadilha.
Não sabemos de onde vem o golpe covarde, e não temos como provar que a intriga é falsa.
A intriga não permite o direito de defesa: condena sem julgamento.
Assim como às vezes somos as vítimas, outras vezes somos tentados a exercer o papel do carrasco.
Por isso, cuidado com as palavras; elas têm poder, e o demônio sabe disso.

Paulo Coelho